dezembro 01, 2009

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Na manhã fria e húmida,
sem ondas mansas ou alteradas por tempestades,
elas lançam-se azougadas pelos céus, as gaivotas.
Deslizando e desfazendo-se nas nuvens,
num vai e vem constante de presenças fugidias já esquecidas.
Num assombro, esgoto-me num olhar.
Na palma da minha mão, escorrega a força do vento.
Mais o tudo e o nada, no sentimento.
Fecho a mão.
Agarro então a manhã.
Sem pressas, deito-me nela a descansar a solidão.
Na magia da janela, lá fora, o mundo inteiro assoma.
Passa a nuvem, passa o mar,
e a espuma.
Passa ainda um areal e até um barco a navegar.
Fico eu.
A sonhar.
Na tela,
para além do horizonte,
solta-se, preso, o meu olhar.
Por fim,
rendido, a enlaçar.

(Maria)
(imag. by me)

1 comentário:

Vento Nocturno disse...

Delicadamente belo, é assim o teu olhar que voa além da tela, sempre livre dentro de ti.

Beijo grande