estes sentires
que eu sinto
num vai e vem
de ondas
feitas de chuvas
longas
tontas
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Se eu fosse um livro
havias de me levar contigo
sentavas-te num qualquer abrigo
com as tuas mãos agarravas a minha cara
sulcavas-me mansamente a folha
viravas-me num movimento atento
lento
com ternura
também sedento
Dobravas-me
devoravas-me
as folhas todas
mesmo aquelas em branco
e no fim traduzias-me
amor
(maria)