eram muitos
azul-céu e verde-mar
e terra oiro-velho
e noite escura
negra
sem luar
eram tantos
os olhos
sem reflexos
sem sentires
dentro deles
só
na sombra
o grito a teimar
resistir
cruzavam os meus
em jeito esquivo
de não olhar
partidos
partiam
suave o estilhaçar
e eu
sentada na espera
à flor dos meus olhos
todo um rio
a naufragar
ai eram muitos
tantos
todos
narcisos
desfloridos
sem parar
sem me olhar
(Maria)
Imag Net-Narciso (Caravaggio)
1 comentário:
"sentada na espera
à flor dos meus olhos
todo um rio
a naufragar" - Lindo. Observamos entre gentes que se cruzam, tantos e tantos... ninguém nota que precisamos de um abraço ou pelo menos um simples sorriso na nossa direcção. O Naufrágio da sociedade é o seu egoísmo.
Gostei e tenho sempre muito prazer iluminar os teus poemas com aquilo que me toca.
Bjhs
MJ
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