setembro 17, 2010

muitos...tantos.


eram muitos
azul-céu e verde-mar
e terra oiro-velho
e noite escura
negra
sem luar

eram tantos
os olhos
sem reflexos
sem sentires
dentro deles
na sombra
o grito a teimar
resistir


cruzavam os meus
em jeito esquivo
 de não olhar
partidos
partiam
 suave o estilhaçar

e eu

sentada na espera
à flor dos meus olhos
todo um rio
a naufragar


ai eram muitos
tantos
todos
narcisos
desfloridos
sem parar
sem me olhar

(Maria)


Imag Net-Narciso (Caravaggio)

1 comentário:

Amigo do Cavalo disse...

"sentada na espera
à flor dos meus olhos
todo um rio
a naufragar" - Lindo. Observamos entre gentes que se cruzam, tantos e tantos... ninguém nota que precisamos de um abraço ou pelo menos um simples sorriso na nossa direcção. O Naufrágio da sociedade é o seu egoísmo.
Gostei e tenho sempre muito prazer iluminar os teus poemas com aquilo que me toca.
Bjhs
MJ