( Imagem: Paul Klee)
Regresso
vinda de lá
longe
tão perto
do
aqui
errante em mim
No olhar guardo
cidades de mil luzes geométricas
e neblinas finas
traquinas
Correm nelas
ventos frescos
miúdos
a tropeçar nas curvas
E são ternas as gotas
que dos céus choram nas tardes mansas
No olhar guardo
os canais a rasgar as ruas
e os barcos multicores
inquietos
sedentos
a clamar o suave afago das marés desocupadas
Na pele trago
sóis de fogo-oiro
deitados
adormecidos
em luas incendiadas
E mares
outros
desejos
espumas
que vêm descansar
nas areias alvas
de brasas
molhadas
Piso nelas
pegadas que quero
bem desenhadas
para não me perder
só
no oceano das emoções
Regresso
certa que sempre voltarei
antes
mesmo de partir
(maria)
"Viajamos porque é necessário enfrentarmos o desamparo dos dias, ao mesmo tempo que procuramos um lugar para descansar e nele ansiarmos por um regresso" Al Berto