E depois tu rias de mim
e eu de ti
e tu dizias
agora vamos dar um beijo menino
e mais um
um mais
assim
bem crescidinho
E nunca mais acabava
E a minha mão a morar na tua
e a tua a morar na minha
e os teus olhos
a incendiarem os meus
e os meus a gemer nos teus
E as paragens
as paragens nas muitas esquinas
E tu a galgares-me o corpo
ai a minha pele a pedir a tua
ai a minha boca a devorar a tua
ai
estão a ver
dizia eu
ninguém vê
ninguém existe
dizias tu
E rias mais
E eu de novo
estão a ver
estás a ver
E tu
que te adoro
sim
quanto
tanto
enfim
sem fim
Foi quê?
Foi há tanto tempo
Ainda te lembras?
(maria)
Imagem: Margarita Sikortskaia
7 comentários:
Delicioso!
Beijo.
Um verso noutro verso... e a história... na poesia.
¬
Os tempos das muitas esquinas (e dos corpos galgados e das mãos que se moram uma na outra) tornarão um dia - basta o beijo-menino ser dado na boca do menino que ainda nao chegou. Mas que há-de ....
Belíssimo poema.
Na segunda leitura, imaginei-o a ser dito em voz alta... fica ainda melhor...
Parabéns pelo teu saber poético (ou inspiração...).
Beijos, querida amiga.
Maravilhoso. Voltei para reler. Um amor que pulsa e saltita nestas palavras.
Beijo.
Foi simplesmente por acaso que vim aqui parar. Estou encantada com a sua escrita, tanto com a prosa como a poesia. Ela é profunda, intimista, simples e complexa...A poesia tem ainda uma sonoridade muito própria.
Parabéns.
Natacha W.
"Foi o quê?"... Encantamento... amor, talvez... nome não lhe sei dar... mas também que importa o nome?
Foi bonito, o se foi!!!
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