janeiro 30, 2010

sem aviso...vem!



quadr:o: de Albena Vatcheva
 

Vem
como o vento solto à desfilada
como a ousadia
súbita do trovão
em tarde sôfrega de Verão


Traz-me o teu sabor
o teu odor
Traz-me os teus braços
em  abraços
a tua pele ondulada
mapeada


Traz-me no teu desejo
os meus sentidos
navega nos meus lábios feitos rios
Vem calar com um beijo
este grito sem abrigo


Traz-te todo
Traz-nos a nós
sem aviso
Perdido o rumo
loucos
desprotegidos
mentimos tudo o que for preciso
esquecemo-nos os dois no improviso

(maria)

janeiro 23, 2010

coisa de nada

É coisa de nada
aquele que passa
se finge amoroso
trespassa
rasga
e sem embaraço
esquece abraços
desperdiça ternuras
chora lamúrias
inventa canduras
e tão pobre(mente)
des(mente)
não sente

É coisa de nada
Não pára
gira
infantil
narcísico
todo sol
todo lua
persegue
e descomprometido
sempre
impotente(mente)
sôfrega(mente)


Por onde passa
ceifa
rouba o sol
rouba a lua
vende sentimentos
emoções
e perde
e se perde
em jogos sedutores
toscos
arremessados em todas as direcções


É coisa de nada
ele demente
não sente
o fosso largo do sofrimento
a transbordar as margens


Breve
breve
vazio
o palco
estará perdido
sem regresso
em terras áridas
palavras ocas
lamuriadas
sempre
em luzes mais e mais foscas


Sem vida - verdade
nada é nada


Nem ele
o Amoroso
que é coisa de nada
e de nada sabe ou sente

(maria)

Imagem da Net


janeiro 18, 2010

...

foto: Sophie Thouvenin
No teu olhar
deixo o meu
sem palavras
...
e é tudo
...
Vamos
neste sentir manso
...
evitar saudades?

(maria)

janeiro 02, 2010

neste meu jeito estúpido de amar...

(ScarecrowHollow) http://www.facebook.com/ScarecrowHollow


Vieste e sem me pedires licença
encheste de risos as minhas tardes
afastaste os tédios e as amarras
e eu olhei para ti
como em criança
olhava a calma das noites estreladas
Vieste
e os luscos-fuscos fizeram-se tardes deslumbradas

Depois
senti-te
a mergulhares fundo em sombras
e neste meu jeito estúpido de amar
fico agora aqui
embriagada pelo teu silêncio
também só
a te aguardar
Como uma condenada aguardo um poema
que me devolva o amor
com a cor dos teus olhos
e o som do teu riso
Um poema que me diga sim
Um poema que rasgue o interlúdio
que seja simples
e corte este desassossego

(maria)